Por Hossein Jaseb
TEERÃ (Reuters) - O Irã enviou às autoridades dos Estados Unidos mais documentos sobre o desaparecimento de um cientista nuclear que diz ter sido sequestrado pela CIA. O governo iraniano exige sua libertação, afirmou neste sábado o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país.
Shahram Amiri, pesquisador universitário que trabalha para a Organização de Energia Atômica do Irã, desapareceu durante uma peregrinação à Arábia Saudita no ano passado. O governo iraniano acusa as autoridades sauditas de o terem entregado aos EUA, o que a Arábia Saudita nega.
"Os documentos sobre o sequestro de Shahram Amiri foram entregues à embaixada suíça, como representante dos interesses dos EUA", disse Ramin Mehmanparast, segundo a agência oficial de notícias do Irã, a Irna.
É a segunda vez que o Irã envia documentos sobre o caso aos suíços, que representam os interesses dos EUA em Teerã, já que os dois países não têm relações diplomáticas.
"A demanda da família de Shahram Amiri, bem como a opinião pública no Irã, é que nosso cidadão seja entregue ao abraço de sua família e à sociedade iraniana o mais rápido possível", disse Mehmanparast.
Em março, a TV norte-americana ABC afirmou que Amiri havia desertado para os EUA e estava ajudando a CIA. A agência de espionagem dos EUA não quis comentar o fato na época, mas autoridades em Washington negaram que ele tivesse sido sequestrado por agentes do país.
No mês passado, evidências contraditórias em imagens que foram colocadas na Internet, mostrando um homem que alegava ser Amiri.
No primeiro vídeo que surgiu, divulgado na TV iraniana, um homem diz que foi sequestrado e estava nos EUA. Ela afirma ter sido forçado a participar de uma entrevista à imprensa "para dizer que era uma figura importante no programa nuclear iraniano e que procurei asilo na América por vontade própria". Num segundo vídeo, um homem também dizendo ser Amiri afirma estar estudando nos EUA.
Em um terceiro, postado no fim de junho, um homem afirma que escapou dos agentes dos EUA e está escondido. Ele qualifica o segundo vídeo de "pura mentira" e pede que os grupos de defesa dos direitos humanos o ajudem a voltar para o Irã.
Em todas as imagens o homem é parecido com as fotos de Amiri divulgadas anteriormente pela mídia iraniana, embora a Reuters não tenha podido analisá-las de modo independente.
No início, o governo iraniano negou que Amiri estivesse envolvido no programa nuclear do país, que é alvo de uma controvérsia com os EUA e aliados, os quais suspeitam que o Irã esteja usando o programa para fabricar armas nucleares. O Irã diz que seu objetivo é produzir energia.
Em junho, o governo norte-americano conseguiu que a ONU aprovasse uma nova rodada de sanções contra o Irã.
O Irã afirma que vários de seus cidadãos estão presos secretamente nos EUA, incluindo um ex-vice-ministro da Defesa que desapareceu em 2007.
Reuters Brasil
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