Por Altamiro Borges
Todo o terrorismo midiático sobre o retorno iminente da inflação tem objetivos marotos. Visa defender os interesses do capital, em especial da oligarquia financeira. Para manter seus altos rendimentos, os neoliberais pregam, na maior caradura, a retirada de direitos dos trabalhadores. A mídia rentista cumpre o papel de bater o bumbo!
Dois ataques estão em curso. O primeiro é contra o salário mínimo. A mesma mídia que criticou as centrais sindicais por exigirem um aumento maior em 2011 – acusando-as de “romperem acordos” –, agora prega um reajuste menor em 2012. A desculpa é que o aumento previsto provocará a indexação dos preços, elevando a inflação. Contra os trabalhadores, a mídia defende a manutenção do acordo; já quando o acordo beneficia dos trabalhadores, ela defende que seja rasgado. É muito cinismo!
Terceira reforma da Previdência
O segundo ataque também já está no forno. É por uma terceira fase da “reforma” da Previdência. A mídia, a serviço da oligarquia financeira, defende o aumento do tempo de aposentadoria e das contribuições previdenciárias. Em seu editorial de hoje (23), a Folha volta a bater nesta tecla – retomando velhas teses neoliberais.
O conteúdo é o mesmo; o invólucro é que muda. Desta vez, a Folha cita os exemplos da Europa para justificar o ataque. Afirma que no velho continente, devido à grave crise econômica, o tempo de aposentadoria já é mais elevado. Só não explica que a crise não decorre das pensões e aposentadorias, mas sim dos socorros bilionários aos especuladores – que já quebraram as economias da Grécia, Irlanda, Portugal e que contaminam outras nações européias.
Merkel, a heroína neoliberal
Marota, a Folha relata que Angela Merkel, premiê da Alemanha, exige que os países mais abalados pela crise elevem o tempo das aposentadorias para terem acesso a novos empréstimos. A medida, obviamente, esbarra em forte resistência – é uma das razões principais das greves recorrentes na Grécia e da atual onda de protesto na Espanha. Mesmo assim, a Folha afirma que este é o caminho. “Toda proposta de mudança no sistema previdenciário costuma trazer sério risco para a popularidade dos políticos”.
Tendo a neoliberal Merkel como heroína do deus-mercado, a Folha sugere a mesma “coragem” à presidenta Dilma e elogia o novo ministro da Previdência. “Garibaldi Alves Filho acerta ao colocar o tema em discussão. Ele propõe um plano para elevar a 65 anos a idade mínima. A regra valeria só para quem começar a trabalhar após a mudança”.
Alerta ao sindicalismo
A única ressalva à proposta do ministro é que ela ainda manteria o diferencial entre os sexos. “A expectativa de vida das mulheres é superior à dos homens. Parece recomendável, do ponto de vista econômico, a extinção desse diferencial no limite de idade”.
Como se observa, o salário mínimo e as aposentadorias estão no alvo da mídia neoliberal. O sindicalismo precisa ficar bem atento. Prepara-se uma nova ofensiva contra os direitos dos trabalhadores!
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