Onda de greves: 12 categorias param até a próxima semana
de Sérgio Henrique Santos especial para a Redação do DIARIODENATAL.COM.BR
Natal está à beira do caos com a deficiência do serviço público ocasionada pela onda de greves que foram deflagradas na última semana. Ontem, funcionários de quatro Centrais do Cidadão se somaram a outras 11 categorias que estão de braços cruzados ou prestes a fazer isso: motoristas de ônibus, policiais civis, professores, funcionários do Detran, Idema, Emater e Tributação, além dos servidores da Procuradoria Geral do Estado (PGE), os médicos da rede estadual e os técnicos do Idiarn (fiscalização agropecuária), que também prometeram paralisar suas atividades.
Está programada para hoje, no largo do Machadinho, um evento que reunirá centenas de grevistas e setores profissionais com indicativo de greve para os próximos dias. Todos vão seguir rumo à Governadoria pedir o atendimento de suas reivindicações. Como a maior parte das categorias pertence ao serviço público estadual, a demanda recai sobre a governadora Rosalba Ciarlini (DEM), que reuniu todos os secretários na segunda-feira passada e ordenou corte brusco de despesas. Os motoristas e cobradores de ônibus, no entanto, são responsabilidade do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal (Seturn).
Não será fácil solucionar todos os problemas. Nas Centrais do Cidadão, por exemplo, se reúnem funcionários contratados e servidores efetivos de diversas secretarias. Eles paralisaram as atividades ontem nas Centrais do Via Direta, Praia Shopping, Zona Norte e Alecrim. "Reivindicamos o pagamento das gratificações, que estão atrasadas desde janeiro. 99% dos funcionários só trabalham nas Centrais do Cidadão por causa das gratificações", explicou Luiz Moura, que integra a comissão que coordena a greve.
As gratificações variam entre R$ 450 e R$ 1.200, além do salário base dos servidores. "Além disso, falta material diário e de limpeza. Tem dias que fazemos cota para comprar água e café", declarou Maria Lima, outra servidora insatisfeita. "As gratificações são um incentivo, mas se o funcionário está insatisfeito, que retorne à sua categoria de origem. Sou absolutamente contrário à greve", disse Aurélio Marques, gerente da Central do Cidadão Praia Shopping. Com a redução dos serviços, quem se prejudica é a população. "Na minha opinião, quem quer fazer reivindicação, que o faça, mas sem prejudicar os usuários", protestou o prestador de serviços terceirizados João Batista de Paiva
Decreto não consegue aumentar frota
Não bastasse a onda de greves, os natalenses também têm de enfrentar as chuvas fortes que caem no início da manhã e alteram a rotina de trabalho. A Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) identificou que os motoristas que paralisaram suas atividades não respeitaram o limite de 30% da frota e colocaram nas ruas apenas 20% dos ônibus. Por isso, a prefeita Micarla de Sousa publicou, no Diário Oficial, autorização em caráter emergencial para que os serviços de táxi, transporte opcional, escolar e de fretamento funcionem como substitutos das linhas de ônibus que estão paralisadas em função da greve. Apesar disso, os usuários enfrentaram transtornos ontem.
Nas ruas, pouco se via vans e veículos de lotação substituindo o itinerário dos ônibus. "Não vi nenhum. Sai às 6h de casa e só consegui chegar ao trabalho às 9h30. O ônibus que peguei estava lotado, sem vaga para ninguém", falou a promotora de vendas Kátia Janielly. Patrícia Nascimento, técnica em radiologia, teve mais sorte. "Fiquei uma hora na parada, mas aproveitei um ônibus da Guararapes que passou. O cobrador anunciou que vinha para o Midway e eu aproveitei", disse, sem saber que esse ônibus fazia a rota do transporte que ela utilizava usualmente.
Moradora do Jardim Progresso, a dona de casa Miliane Vanessa Sabino não teve como deixar de sair na chuva para levar a filha, de um mês de idade, a um consultório médico no Tirol. "Desci no shopping e fui a pé. Um absurdo. A cidade está um caos", opinou. Por causa da greve, algumas instituições de ensino cancelaram suas aulas. O IFRN é uma delas. O expediente nos campi Natal-Central e Cidade Alta está encerrando às 17h porque apenas 30% dos 6 mil alunos está conseguindo assistir às aulas.
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