Secretário tenta desconstruir imagem do professor-grevista
por Carlos Santos
O secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado, Paulo de Tarso Fernandes, foi entrevistado hoje no "Bom-dia, RN" (Rede Globo/InterTV Cabugi). Dissecou a crise no Estado e clamou por "colaboração de todos".
Mas outra vez foi visível o tom provocativo em suas palavras. De novo.
Reiterou a estratégia de desconstruir, por exemplo, a imagem da professora Amanda Gurgel (e dos grevistas), que virou ícone na luta dos grevistas da Educação, com repercussão nacional (ontem, por exemplo, no programa "Domingão do Faustão", da Rede Globo).
- Metade do magistério não trabalha; não dá aula - disse.
Acrescentou que a própria Amanda é um caso, rejeitando a tese da jornalista-entrevistadora Michelle Rincon de que esse quadro era devido "as condições de trabalho". Retrucou: "Não, não é só isso..."
O secretário lembrou que a folha de pessoal do Estado chega aos R$ 231 milhões e que o governo atual está fechando este mês compromissos que ainda derivavam de agosto do ano passado, como pagamento de férias.
Disse que o governo estava contendo despesas e tentando ampliar arrecadação.
Assinalou que logo no início da gestão, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) tomou medidas reduzindo cargos comissonados e com cortes em gratificações etc. Subliminarmente lembrou que "tudo vem do mesmo caixa", numa alusão aos gastos dos "outros poderes e órgãos", como Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público.
Evitou, entretanto, lhes cobrar igual ou maior austeridade.
Nota do Blog - O secretário está com dificuldade de lidar com uma crise dessa envergadura. Falta de costume, não de inteligência e cultura.
Suas palavras são de dois pesos e duas medidas, além de certo desconhecimento da própria realidade escolar do RN e do Brasil.
Lidar em dois ou três turnos com salas lotadas, precárias condições de ensino, salários aviltantes, além de outros estresses, claro que deixa o professor em comprometimento de saúde.
Tentar diminuir a força da palavra da professora Amanda, é uma estratégia grosseira e intolerante, sobretudo pela dimensão nacional que sua imagem alcançou.
Seria interessante, sim, que o governo propusesse aos outros órgãos e poderes a colaboração que impõe ao servidor de carreira.
Fonte: Blog Carlos Santos
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